VITRIOLUM/VIAGEM 4 …continuação …

Julinha criou uma penumbra azulada, sentou-se na cadeira de florzinhas e estudou o caminho que devia fazer no sono : primeiro à cadeira, depois iria até àquela escultura que trouxera de Brasilia e desta à maquina que ela inventara para poder ser vista por si mesma, nas suas encarnações do passado. O mentor pedira a ela que não continuasse a brincar com aquela maquina até compreender melhor o corpo astral. Por isso ela a deixará ali, naquele canto do quarto. Dera muito trabalho criá-la e seria enfadonho fazê-la de novo. Também resolvera não diminui-la nem modificar-lhe a posição. Custara a se pescar no tempo e não queria tornar a quebrar a cabeça para encontrar as mesmas coordenadas. O mentor aprovara,  e , ela dera sua palavra de honra que não usaria a máquina até ele consentir. Mas isso não a imperdia de escolher a máquina como ponto de referência. Iria apenas parar em frente dela, sem toca-la.
Deitou-se e dormiu na msma hora.
Viu-se nadando no lago, ao lado de centenas de gatos.
– Eu estou  dormindo e sonhando que estou nadando junto com esses gatos escaldados, que tem medo de água fria e nada mais são do que criação de minha fantasia louca. Mas eu posso dominar no mundo dos sonhos porque eu sou Julinha e ja venho há mais de seis meses fazendo esses exercicios. Quero voltar imediatamente para meu quarto, para junto da cadeira de florzinhas. Voltou. Mas, ao reparar demais numa das florzinhas da cadeira viu-ser num bosque de rozinhas cor-de-rosa que cresciam do chão, tesas como crescem as margaridas.
Quero voltar para meu quareto.
As rosinhas se fecharam sobre ela formando uma gruta de flores e prendendo-a. Foi tão bonito que Julinha bateu palmas e se esqueceu da cadeira do seu quarto. Mas  uma das rosinhas se desprendeu e perguntou-lhe :
 -Julinha, voce não quer voltar para a cadeira do seu quarto ?
-Quero sim.
-Eu te ensino o caminho, vem atrás de mim.
A florzinha foi voando e descobriu uma passagem entre o rosal em flor. Mas, do lado de fora, a atenção de Julinha foi atraida por um clarão azulado e ele se esqueceu da florzinha para reparar naquela coisa linda. Era uma fada que brincava  com sua vara de condão.
-Ai Julinha, disse novamente a flor : Voce não que voltar para o seu quarto ?
– È verdade, quero sim.
Então pega na minha mão para não se perder de novo. Nós estamos meio longe e tem muita tetéia pelo caminho. Fecha os olhos que guio voce.
-Pode abrir os olhos.
-Voce é muita bacana, florzinha. Mas estou espantada de voce ser igual às flores dessa cadeira, que são desenho e também porque flor não fala nem tem mãozinha.  Antonio, o mentor, materializou-se diante de Julinha.
– Eu vim cumprir minha promessa. Você não ganhou a prova ? O mentor bateu palmas no ritmo de uma dança e foi cantando :
"Nós somos , nós somos os mentores bonzinhos que ajudam os pobres ceguinhos " .
 
… continua…   

Sobre Umberto Seraphini

Caminho como um lobo solitário, se me dou, é porque encontro em ti um lobo igual.
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